... é o suficiente, nunca:
Ela precisava estragar tudo.
-Mas... quem é você, afinal?
-Deus.
Seus olhos pararam de olhar para o céu azul
e olharam para mim, recolhendo roupas.
Eu olhei pra ela, e percebi que ela me olhava sério. Eu falei aquilo
como eu falo tudo
da mesma forma que eu falo pra minha mãe que eu vou "encher a cara até vomitar em um banheiro sujo no meio da noite", quando ela me pergunta pra onde eu vou.
Que nem minha mãe ela sorriu, e disse:
-... bobo.
Maldito Freud.
-Você costuma chamar de bobo quem você não conhece?
-Você costuma ser resgatado no meio do corredor e fingir que não aconteceu nada?
-Já reparou como o argumento das mulheres em uma discussão sempre tem uma falha de coerência mas mesmo assim elas sempre ganham a discussão porque falam o que quer que seja com mais convicção?
-Oi?
ela fez cara de surpresa, eu jogava a terceira peça de roupa em cima do ombro direito.
-Eu sinto como se eu já te conhecesse faz tempo. - ela disse, pra estragar tudo de novo.
-Eu sinto que você anda assistindo muitos filmes. - Eu disse, pra ser cretino e quebrar o clima.
Lilian sorriu, e começou a andar pelo terraço.
O acaso do jardim que cercava toda aquela área era de um bom gosto espetacular.
Ela foi andando em direção a beirada, onde havia uma planta com a folhagem mais escura, e umas folhas bem fininhas e compridas.
Depois andou na direção de um Lírio-da-Paz, e se você que está lendo esse livro não sabe o que é um Lírio-da-Paz,
trate de ir no Google e descobrir.
A gente podia passar o dia todo conversando sobre aquele jardim
ou sobre a tarde bonita
ou sobre a noite bonita,
ou a gente podia ir pra cama
transar até doer,
até não restar um fio de força em nossos músculos
depois a gente passava o dia todo conversando sem roupas
e eu dormia com o dedo em cima da pintinha que ela tinha no peito direito.
Ou eu podia dizer pra ela que eu sou Deus
e estragar tudo.
(Esse é o capitulo no qual as personagens vão pra cama e você descobre o que é o Lírio-da-Paz.
Bata uma punheta e vá para o próximo capítulo.)
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